A produção de espécies como tambaqui, pintado e pirarucu caiu nos últimos quatro anos, pois os produtores, desencorajados pelos preços mais baixos, colocaram menos peixes em tanques e tanques-rede
O Brasil, com sua imensa diversidade de rios e fauna aquática, tem um tesouro pouco explorado quando falamos em peixes nativos. Espécies como o Tambaqui, o Pintado e o Pirarucu são verdadeiros patrimônios das nossas águas, e agora, mais do que nunca, estão prontos para um ressurgimento sustentável, impulsionado por práticas modernas de aquicultura e manejo ambiental.
Nos últimos anos, tenho acompanhado de perto a evolução da criação e manejo dessas espécies. O cenário é promissor. Graças a avanços tecnológicos na piscicultura, o cultivo desses peixes vem se mostrando uma solução viável, sustentável e economicamente atrativa. O Tambaqui, por exemplo, é amplamente criado em regiões como o Norte e Centro-Oeste do Brasil. Essa espécie se destaca pela resistência, adaptabilidade e rápido crescimento, características que fazem dela uma das preferidas pelos piscicultores.
O Pirarucu, outro gigante das águas doces da Amazônia, também ganha destaque. Com sua carne nobre, essa espécie tem se tornado um ícone gastronômico e sua criação em cativeiro está ajudando a recuperar populações selvagens. No passado, o pirarucu foi intensamente explorado, levando à redução drástica de seus estoques naturais. Hoje, iniciativas de manejo sustentável, muitas delas conduzidas por comunidades ribeirinhas, têm garantido não só a conservação da espécie, mas também a geração de renda para essas populações.
A valorização gastronômica desses peixes é outro fator importante para esse ressurgimento. Chefs brasileiros e internacionais têm redescoberto a riqueza de sabores do tambaqui, pirarucu e pintado, levando esses peixes nativos para mesas sofisticadas e impulsionando a demanda por produtos de origem local e sustentável. Essa mudança de mentalidade no consumo é fundamental para incentivar práticas que respeitam o meio ambiente e promovem a sustentabilidade.
O potencial de crescimento é enorme, mas precisamos estar atentos aos desafios. A expansão da aquicultura deve ser feita com cautela, garantindo que não haja impactos negativos para o meio ambiente, como a poluição dos rios ou a introdução de doenças. Além disso, o manejo das populações selvagens de pirarucu e tambaqui precisa continuar sendo rigorosamente monitorado para evitar a sobrepesca e assegurar que essas espécies se recuperem plenamente.
Estamos em um momento crucial. As iniciativas de criação sustentável desses peixes nativos representam uma oportunidade única para o Brasil se destacar no cenário internacional não apenas como um grande exportador de pescado, mas como um modelo de desenvolvimento ambientalmente responsável. O ressurgimento do tambaqui, pintado e pirarucu, além de promissor, pode se tornar um símbolo do equilíbrio entre progresso econômico e conservação da nossa biodiversidade.