Entrevista com JOSÉ MIGUEL SAUD MORHEB, empresário há 12 anos, piscicultor de Itapuã, do oeste em Rondônia, especialista na produção e cultivo de peixes nativos em ambientes controlados, com manejo profissional que se dedica ao rigoroso controle de qualidade da água, no que diz respeito ao PH, oxigênio, dureza, amônia e a alimentação saudável das espécies como Tambaqui Jatuarana Pirarucu.
Como observa o mercado atual de piscicultura no Brasil?
O setor de piscicultura no Brasil vive um momento de crescimento acelerado, impulsionado por uma combinação de fatores econômicos, ambientais e sociais. Em 2024, a aquicultura brasileira, especialmente a criação de peixes de água doce como a tilápia, consolidou-se como um dos segmentos mais promissores do agronegócio nacional. Segundo dados da Associação Brasileira da Piscicultura (PeixeBR), o Brasil já se posiciona entre os maiores produtores mundiais de tilápia, e o potencial para expansão é vasto.
Expansão e potencial econômico
A demanda interna por pescados tem crescido, apoiada pela busca do consumidor por proteínas mais saudáveis e sustentáveis. Além disso, as exportações estão em alta, com mercados importantes como os Estados Unidos e a União Europeia se tornando destinos estratégicos para o pescado brasileiro. A combinação de fatores como águas favoráveis à criação, grande disponibilidade de grãos para ração e políticas públicas voltadas para o setor fazem com que o Brasil esteja em uma trajetória sólida para expandir sua participação no mercado internacional.
Sustentabilidade como foco
Com a crescente preocupação ambiental, o setor de piscicultura no Brasil tem investido em práticas mais sustentáveis, como o uso eficiente de recursos hídricos, melhor controle de qualidade da água e a busca por sistemas integrados de produção. A adoção de tecnologias de ponta, como sensores para monitoramento de parâmetros ambientais e a automação de processos, também tem contribuído para o aumento da eficiência e redução dos impactos ambientais.
Desafios e oportunidades de inovação
Apesar do potencial, o mercado enfrenta desafios que precisam ser superados. A infraestrutura logística e a burocracia ainda são barreiras para a expansão de exportações e para o crescimento mais uniforme entre as regiões do país. Contudo, o avanço de startups de tecnologia voltadas para a aquicultura, o desenvolvimento de soluções em nutrição animal e o melhoramento genético de espécies de peixes têm oferecido novas oportunidades para o aumento da produtividade e qualidade.
O cenário atual da piscicultura no Brasil reflete um setor dinâmico e com alto potencial de crescimento. Para o futuro, espera-se que a inovação tecnológica, a sustentabilidade e a abertura de novos mercados mantenham o Brasil como um dos principais atores globais na produção de peixes de cultivo.
Em sua visão, qual a importância desse setor para a economia?
O setor de piscicultura desempenha um papel crucial na economia brasileira, consolidando-se como um dos mais importantes segmentos do agronegócio nacional. O crescimento exponencial da produção de peixes cultivados, como a tilápia e o tambaqui, tem contribuído de forma significativa para a geração de emprego, renda e para o desenvolvimento regional. Com um impacto direto na economia de pequenos e grandes produtores, a aquicultura fortalece cadeias produtivas em diversas regiões do país e amplia as oportunidades de negócios, tanto no mercado interno quanto no externo.
Geração de emprego e desenvolvimento regional
A piscicultura tem um papel central na inclusão social, sobretudo em regiões mais afastadas dos grandes centros, onde atividades agrícolas tradicionais enfrentam dificuldades. O setor gera milhares de empregos diretos e indiretos, desde a produção nas fazendas até a indústria de processamento e logística. Para pequenas comunidades, especialmente nas regiões Norte e Nordeste, a piscicultura proporciona desenvolvimento econômico sustentável, ajudando a fixar famílias no campo e reduzir o êxodo rural.
Expansão de mercados e exportações
Além de suprir a crescente demanda interna por proteínas saudáveis e de alto valor nutricional, a piscicultura brasileira vem conquistando novos mercados internacionais. Com a recente abertura de exportações para países da América do Norte, Europa e Ásia, o Brasil consolida-se como um importante player global no fornecimento de pescado. Em 2023, o setor registrou um crescimento notável em exportações, e a expectativa para 2024 é ainda mais otimista, com investimentos em infraestrutura e certificações internacionais que ampliam a competitividade dos produtos brasileiros.
Sustentabilidade e segurança alimentar
Com a crescente preocupação global com a sustentabilidade, a piscicultura se destaca como uma alternativa viável para atender à demanda crescente por alimentos de forma sustentável. A criação de peixes consome menos água e gera menos emissões de gases de efeito estufa quando comparada a outras formas de produção de proteína animal. Além disso, com o aumento da população mundial e a necessidade de garantir a segurança alimentar, o setor de aquicultura brasileira surge como um dos principais caminhos para fornecer proteína de qualidade, em larga escala e de maneira sustentável.
Um setor em expansão
A piscicultura brasileira representa uma alavanca econômica estratégica para o Brasil. Com o aumento da demanda global por pescado e o contínuo investimento em inovação e sustentabilidade, a expectativa é que o setor continue a crescer, impulsionando o agronegócio e contribuindo significativamente para o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro nos próximos anos.
Leia mais: Brasil se torna o 4º maior produtor mundial de tilápia | Valor Econômico