Entrevista com JOSÉ MIGUEL SAUD MORHEB, empresário há 12 anos, piscicultor de Itapuã do oeste em Rondônia, especialista na produção e cultivo de peixes nativos em ambientes controlados, com manejo profissional que se dedica ao rigoroso controle de qualidade da água, no q diz respeito ao PH, oxigênio, dureza, amônia e a alimentação saudável das espécies como Tambaqui Jatuarana Pirarucu Explica a diferença de composição nutricional na psicultura? Uma das principais diferenças entre o peixe selvagem e o peixe de cativeiro está na composição nutricional da carne. Em peixes selvagens, como o robalo e o dourado, a alimentação natural à base de algas, pequenos crustáceos e outros organismos aquáticos ricos em nutrientes favorece uma maior concentração de ácidos graxos ômega-3, conhecidos por seus benefícios à saúde cardiovascular. Em contrapartida, os peixes de cativeiro têm uma alimentação controlada, baseada em rações específicas que buscam balancear os nutrientes. Embora também contenham ômega-3, em geral, o teor é menor quando comparado ao peixe selvagem, devido à dieta diferente. No entanto, os peixes de cativeiro tendem a ter uma composição mais equilibrada de gordura total. Isso porque eles crescem em ambientes controlados, com alimentação regular e um ciclo de vida otimizado, o que resulta em uma carne mais uniforme e menos propensa a variações extremas de teor de gordura ou proteína. E sobre a textura e sabor, quais as diferenças ? A textura e o sabor da carne de peixe também variam entre os de criação selvagem e os de cativeiro. Peixes selvagens, devido ao seu ambiente natural e ao esforço físico envolvido na busca por alimento, tendem a ter uma carne mais firme, com uma textura fibrosa. Já o peixe de cativeiro, criado em ambientes controlados com movimentação limitada, apresenta uma carne mais macia e com textura uniforme. No que diz respeito ao sabor, peixes selvagens geralmente têm um sabor mais intenso e mineral, resultado de sua dieta variada e das condições naturais em que vivem. O peixe de cativeiro, por outro lado, tem um sabor mais suave e previsível, o que o torna uma opção versátil para diferentes preparações culinárias. Quais as vantagens relativas a criação do peixe de cativeiro , como por exemplo a sustentabilidade e controle de qualidade ? Uma vantagem importante do peixe de cativeiro é o controle de qualidade. As fazendas de piscicultura são submetidas a regulamentações rigorosas que garantem a segurança alimentar, controle sanitário e qualidade da água. Isso resulta em peixes com menor risco de contaminação por metais pesados, toxinas ou parasitas, problemas que podem afetar algumas espécies selvagens devido à poluição dos oceanos e rios. Além disso, a piscicultura é amplamente vista como uma solução sustentável para a crescente demanda por pescados. A pesca excessiva ameaça várias espécies selvagens, enquanto a criação em cativeiro oferece uma fonte renovável de proteína, contribuindo para a preservação dos ecossistemas aquáticos. Fale sobre as diferenças da consistência no tamanho e disponibilidade Outra diferença significativa entre peixes selvagens e de cativeiro está na consistência de tamanho e disponibilidade. Enquanto os peixes selvagens podem apresentar grandes variações de tamanho e peso, os peixes criados em cativeiro têm um tamanho padronizado, o que facilita tanto a comercialização quanto a preparação culinária. Além disso, o peixe de cativeiro está disponível durante o ano todo, enquanto a pesca de espécies selvagens depende de temporadas e condições climáticas, o que pode limitar o abastecimento em certas épocas. O que pode comentar a respeito como conclusão ? Em termos de qualidade da carne, tanto o peixe selvagem quanto o de cativeiro oferecem vantagens distintas. O peixe selvagem é valorizado por seu sabor mais intenso e maior teor de ômega-3, enquanto o peixe de cativeiro se destaca pela textura mais macia, controle de qualidade e sustentabilidade. A escolha entre as duas opções depende das preferências do consumidor e das necessidades específicas de cada mercado, mas ambos os tipos são importantes para atender à demanda crescente por pescados de qualidade no Brasil. http://www.josemiguelsaud.com.br
Espécies de peixes potenciais na Amazônia para a aquicultura nacional
Os recursos pesqueiros amazônicos são uma grande fonte de alimento para os habitantes da bacia e algumas espécies comerciais têm mostrado um potencial de desenvolvimento de sistemas de aquicultura sustentáveis, escreve José Luis Morheb Desafios para a Biodiversidade de Peixes na Amazônia A Amazônia enfrenta hoje dois grandes desafios que afetam diretamente a biodiversidade de seus peixes: 1️⃣ Estudo e conservação dos recursos pesqueiros: A identificação, armazenamento e pesquisa desses recursos são essenciais para assegurar a segurança alimentar global nos próximos anos. 2️⃣ Preservação da biodiversidade e manejo sustentável: O uso responsável dos recursos naturais está diretamente ligado à aquicultura, tornando urgente a adoção de práticas que conciliem conservação e produção sustentável. Garantir o equilíbrio entre exploração e preservação é fundamental não apenas para a Amazônia, mas para a saúde alimentar e ecológica de todo o planeta. Bacia Amazônica: Um Olhar Sobre as Espécies e Desafios A Bacia Amazônica abriga cerca de 2.000 espécies de peixes, das quais 10% podem ser exploradas atualmente, seja para consumo alimentar ou para fins ornamentais. A diversidade e importância econômica da pesca na região são evidentes, com destaque para duas grandes famílias: os characídeos ou characiformes, que representam 43% do total de capturas na bacia, e os siluridae ou siluriformes (peixes-gato), responsáveis por 39% das capturas. Essas espécies são pescadas principalmente no Brasil, Colômbia, Peru e Venezuela. Outros grupos relevantes incluem percomorfos e osteoglossiformes, reforçando a diversidade da fauna aquática amazônica. Entre os characídeos de maior valor comercial, destacam-se: A pesca de peixes-gato, um dos pilares econômicos da região, ocorre durante todo o ano, com variações sazonais que acompanham o ciclo das águas e o comportamento migratório das espécies. As inundações são um fator crítico para a biologia e a ecologia da bacia. A Dimensão da Pesca e os Desafios da Sustentabilidade Estima-se que mais de 30.000 toneladas de bagres sejam pescadas anualmente no Brasil, Colômbia e Peru. No entanto, esse volume pode ser até três vezes maior, considerando as capturas não registradas e aquelas destinadas ao autoconsumo pelas comunidades ribeirinhas. A pesca na Amazônia é realizada tanto por meio de embarcações industriais quanto por pequenas embarcações artesanais. Outras espécies emblemáticas da região, como o pirarucu (Arapaima gigas) e o tucunaré (Cichla monoculus), também são exploradas, mas as informações sobre seus volumes de captura permanecem incertas, evidenciando a necessidade de aprimorar os mecanismos de monitoramento e controle. A gestão sustentável desses recursos é essencial para preservar a biodiversidade e garantir a segurança alimentar e econômica das populações locais e dos países amazônicos. Sistemas de Produção O potencial de espécies amazônicas a serem produzidas em sistemas de aquicultura precisa ser determinado. Os characins são produzidos principalmente na região amazônica dos países vizinhos. Portanto, um sistema de produção semelhante a esses pode ser encontrado na região de Orinoquia. Os sistemas são baseados em pacotes de tecnologia desenvolvidos em outras áreas do país, portanto, o único requisito de tecnologia para usá-los é adaptar esses pacotes às condições da área amazônica. Além disso, algumas espécies de silurídeos também despertam interesse na área de Iquitos, onde pesquisadores do IIAP (IIAP, Instituto de Pesquisa da Amazônia Peruana) auxiliados por especialistas húngaros conseguiram criar sorubins tigre, bagres marinhos e bagres dourados em condições de cativeiro. O pirarucu mostra sinais de ser a espécie potencialmente mais promissora para a aquicultura amazônica, pois possui um tamanho médio anual de 10 kg por peixe e filés de alta qualidade. Amazônia brasileira Sistema de cultivo:extensivo (27 por cento) e semi-intensivo (73 por cento). Tipo de criação:Agricultura mista (frequência: 85,7 por cento)Criação de uma única espécie: (f: 28,6 por cento) Criação de espécies piscícolas: Cultivo de Pirarucu Sistemas de Cultivo de Espécies na Região Amazônica Na Amazônia, diversas técnicas de cultivo têm sido aplicadas para produzir espécies de peixes, variando conforme o nível de manejo e recursos utilizados: Cada modelo de produção apresenta vantagens e desafios, e as experiências acumuladas na região oferecem importantes insights para o desenvolvimento sustentável da aquicultura amazônica. Projeções Aquicultura na Amazônia: Potencial para Sustentabilidade e Desenvolvimento Os recursos pesqueiros da Amazônia representam uma importante fonte de alimento para as populações que habitam a bacia. Além disso, algumas espécies comerciais já mostraram grande potencial para integrar sistemas de aquicultura sustentável. Hoje, diversas tecnologias permitem a produção de várias espécies amazônicas diretamente na região. Entre as espécies mais emblemáticas está o pirarucu (Arapaima gigas), valorizado tanto por seu impacto ecológico quanto por sua relevância cultural. Estudos mostram que a espécie pode ser produzida comercialmente com sucesso na Amazônia, o que reforça seu papel na expansão da aquicultura regional. Para ampliar essa iniciativa, é fundamental desenvolver sistemas de produção que garantam a segurança biológica das instalações, possibilitando a replicação desses modelos em outras áreas da Colômbia e em outros países amazônicos. O fortalecimento da cadeia produtiva da aquicultura pode trazer benefícios significativos para o desenvolvimento sustentável e competitivo dos atores envolvidos. Além disso, essa expansão cria novas oportunidades para incentivar o consumo doméstico de peixes nativos e abrir mercados internacionais por meio da exportação, impulsionando a economia local e regional. Investir na aquicultura é um passo estratégico para alinhar conservação ambiental com desenvolvimento econômico, promovendo uma gestão responsável dos recursos naturais da Amazônia. http://www.josemiguelsaud.com.br