Entrevista com JOSÉ MIGUEL SAUD MORHEB, empresário há 12 anos, piscicultor de Itapuã, do oeste em Rondônia, especialista na produção e cultivo de peixes nativos em ambientes controlados, com manejo profissional que se dedica ao rigoroso controle de qualidade da água, no que diz respeito ao PH, oxigênio, dureza, amônia e a alimentação saudável das espécies como Tambaqui Jatuarana Pirarucu Quais épocas do ano o segmento tem suas altas de faturamento? O setor de piscicultura no Brasil, como muitos segmentos do agronegócio, apresenta variações sazonais que influenciam diretamente o faturamento ao longo do ano. Essas flutuações são determinadas por fatores climáticos, datas comemorativas e comportamentos de mercado. Em 2024, a tendência de crescimento da piscicultura segue marcada por períodos de alta demanda, que impulsionam o faturamento e fortalecem o setor. Verão e Período de Chuvas: Picos de Produção e Comercialização O período de maior faturamento no setor de piscicultura ocorre tradicionalmente durante o verão, especialmente entre os meses de dezembro e março. Durante esses meses, o clima mais quente e o aumento das chuvas favorecem a rápida reprodução e crescimento dos peixes, resultando em uma maior disponibilidade de produto para o mercado. Além disso, o consumo de pescados tende a aumentar devido às altas temperaturas, que incentivam o consumo de alimentos mais leves e saudáveis, como peixes. Esse período coincide também com importantes datas festivas no Brasil, como o Natal e o Ano Novo, quando o pescado é bastante consumido. As festas de final de ano representam uma oportunidade significativa para os produtores, já que o consumo de peixes aumenta tanto no mercado interno quanto nas exportações, impulsionadas pela demanda global. Semana Santa: Um Momento Crucial para o Setor Outro momento de alta no faturamento ocorre durante a Semana Santa, geralmente entre os meses de março e abril. A tradição religiosa de consumir pescado durante esse período, especialmente na Sexta-feira Santa, faz com que a demanda por peixes dispare em todo o país. Este é, sem dúvida, um dos momentos mais estratégicos para o setor, com aumento expressivo nas vendas e preparação das fazendas para atender a essa procura elevada. Outros Períodos Importantes Embora os picos mais pronunciados de faturamento aconteçam no verão e na Semana Santa, o setor também observa bons resultados no início da primavera, em setembro e outubro. Nesse período, o clima começa a esquentar e o consumo de peixes aumenta, principalmente em regiões litorâneas e no Norte e Nordeste do país. No entanto, durante o inverno, de junho a agosto, a produção e o consumo de pescados tendem a desacelerar. A menor temperatura afeta o ciclo de crescimento dos peixes, e a demanda por proteínas mais leves, como o pescado, também diminui, dando lugar a outras opções alimentares mais adequadas ao frio. Atualmente, quais espécies de peixes têm sido mais consumidas e solicitadas? Espécies de Peixes Mais Consumidas no Brasil em 2024: Tendências e Preferências do Mercado O mercado de pescados no Brasil continua a evoluir, acompanhando as tendências globais de alimentação saudável e sustentável. Entre as diversas espécies de peixes consumidas no país, algumas têm se destacado tanto pela aceitação popular quanto pelo crescimento na demanda, impulsionada por exportações e pelo mercado interno. A tilápia, o tambaqui e a pirarucu lideram o ranking de espécies mais solicitadas em 2024, tanto por seu valor nutricional quanto pelo seu custo-benefício. Tilápia: A Líder de Mercado A tilápia se mantém como a espécie de peixe mais consumida e produzida no Brasil. Este peixe de água doce, fácil de criar e com ciclo de produção rápido, é altamente popular devido ao seu sabor suave, baixo teor de gordura e versatilidade culinária. Em 2024, a tilápia é responsável por grande parte do crescimento do setor de piscicultura no Brasil, com a região Sul e Sudeste como os maiores polos de produção. Além de atender à demanda interna, a tilápia brasileira tem se destacado nas exportações, especialmente para os Estados Unidos e a Europa, consolidando o país como um dos maiores produtores mundiais da espécie. Tambaqui: Um Ícone da Amazônia Outro peixe que ganha cada vez mais espaço no mercado é o tambaqui, nativo da região amazônica. Sua carne suculenta e de sabor marcante tem conquistado consumidores em todo o Brasil, com especial destaque nas regiões Norte e Centro-Oeste. O tambaqui é frequentemente utilizado na gastronomia tradicional amazônica e em pratos regionais, mas seu consumo está se expandindo para outros estados, à medida que aumenta a conscientização sobre suas qualidades nutricionais e a sustentabilidade de sua criação em cativeiro. Em termos de volume, o tambaqui é a segunda espécie mais produzida no país. Pirarucu: Apreciado e em Ascensão O pirarucu, conhecido como o “gigante da Amazônia”, também tem atraído a atenção de consumidores e chefs de cozinha. Sua carne branca, de sabor delicado, é bastante valorizada no mercado de restaurantes e eventos gastronômicos. O pirarucu é frequentemente associado à sustentabilidade, já que a maioria da produção é oriunda de sistemas de manejo sustentável na Amazônia, promovendo o desenvolvimento econômico da região e a preservação ambiental. Seu consumo, embora ainda nichado, está em ascensão e tem potencial para crescer ainda mais com o aumento de projetos de manejo sustentável. Outras Espécies em Destaque Além da tilápia, tambaqui e pirarucu, outras espécies também têm forte demanda. O pacu, outro peixe amazônico, é muito consumido, especialmente em regiões onde a culinária local valoriza pratos à base de peixe. A caranha, uma espécie de água doce muito comum no Norte e Nordeste, também tem registrado aumento nas criações em cativeiro, acompanhando a tendência de diversificação da produção de pescados. Por outro lado, no litoral, o consumo de peixes marinhos como o robalo e o dourado também se mantém forte, especialmente nas regiões Sul e Sudeste, onde a pesca de espécies marinhas continua a ser um segmento importante para o mercado de pescados. Sobre a qualidade da carne, quais as principais diferenças entre o peixe comum e o peixe criado em cativeiros? Peixe Selvagem vs. Peixe de Cativeiro: Comparativo de Qualidade da Carne O debate
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Espécies de peixes potenciais na Amazônia para a aquicultura nacional
Os recursos pesqueiros amazônicos são uma grande fonte de alimento para os habitantes da bacia e algumas espécies comerciais têm mostrado um potencial de desenvolvimento de sistemas de aquicultura sustentáveis, escreve José Luis Morheb Desafios para a Biodiversidade de Peixes na Amazônia A Amazônia enfrenta hoje dois grandes desafios que afetam diretamente a biodiversidade de seus peixes: 1️⃣ Estudo e conservação dos recursos pesqueiros: A identificação, armazenamento e pesquisa desses recursos são essenciais para assegurar a segurança alimentar global nos próximos anos. 2️⃣ Preservação da biodiversidade e manejo sustentável: O uso responsável dos recursos naturais está diretamente ligado à aquicultura, tornando urgente a adoção de práticas que conciliem conservação e produção sustentável. Garantir o equilíbrio entre exploração e preservação é fundamental não apenas para a Amazônia, mas para a saúde alimentar e ecológica de todo o planeta. Bacia Amazônica: Um Olhar Sobre as Espécies e Desafios A Bacia Amazônica abriga cerca de 2.000 espécies de peixes, das quais 10% podem ser exploradas atualmente, seja para consumo alimentar ou para fins ornamentais. A diversidade e importância econômica da pesca na região são evidentes, com destaque para duas grandes famílias: os characídeos ou characiformes, que representam 43% do total de capturas na bacia, e os siluridae ou siluriformes (peixes-gato), responsáveis por 39% das capturas. Essas espécies são pescadas principalmente no Brasil, Colômbia, Peru e Venezuela. Outros grupos relevantes incluem percomorfos e osteoglossiformes, reforçando a diversidade da fauna aquática amazônica. Entre os characídeos de maior valor comercial, destacam-se: A pesca de peixes-gato, um dos pilares econômicos da região, ocorre durante todo o ano, com variações sazonais que acompanham o ciclo das águas e o comportamento migratório das espécies. As inundações são um fator crítico para a biologia e a ecologia da bacia. A Dimensão da Pesca e os Desafios da Sustentabilidade Estima-se que mais de 30.000 toneladas de bagres sejam pescadas anualmente no Brasil, Colômbia e Peru. No entanto, esse volume pode ser até três vezes maior, considerando as capturas não registradas e aquelas destinadas ao autoconsumo pelas comunidades ribeirinhas. A pesca na Amazônia é realizada tanto por meio de embarcações industriais quanto por pequenas embarcações artesanais. Outras espécies emblemáticas da região, como o pirarucu (Arapaima gigas) e o tucunaré (Cichla monoculus), também são exploradas, mas as informações sobre seus volumes de captura permanecem incertas, evidenciando a necessidade de aprimorar os mecanismos de monitoramento e controle. A gestão sustentável desses recursos é essencial para preservar a biodiversidade e garantir a segurança alimentar e econômica das populações locais e dos países amazônicos. Sistemas de Produção O potencial de espécies amazônicas a serem produzidas em sistemas de aquicultura precisa ser determinado. Os characins são produzidos principalmente na região amazônica dos países vizinhos. Portanto, um sistema de produção semelhante a esses pode ser encontrado na região de Orinoquia. Os sistemas são baseados em pacotes de tecnologia desenvolvidos em outras áreas do país, portanto, o único requisito de tecnologia para usá-los é adaptar esses pacotes às condições da área amazônica. Além disso, algumas espécies de silurídeos também despertam interesse na área de Iquitos, onde pesquisadores do IIAP (IIAP, Instituto de Pesquisa da Amazônia Peruana) auxiliados por especialistas húngaros conseguiram criar sorubins tigre, bagres marinhos e bagres dourados em condições de cativeiro. O pirarucu mostra sinais de ser a espécie potencialmente mais promissora para a aquicultura amazônica, pois possui um tamanho médio anual de 10 kg por peixe e filés de alta qualidade. Amazônia brasileira Sistema de cultivo:extensivo (27 por cento) e semi-intensivo (73 por cento). Tipo de criação:Agricultura mista (frequência: 85,7 por cento)Criação de uma única espécie: (f: 28,6 por cento) Criação de espécies piscícolas: Cultivo de Pirarucu Sistemas de Cultivo de Espécies na Região Amazônica Na Amazônia, diversas técnicas de cultivo têm sido aplicadas para produzir espécies de peixes, variando conforme o nível de manejo e recursos utilizados: Cada modelo de produção apresenta vantagens e desafios, e as experiências acumuladas na região oferecem importantes insights para o desenvolvimento sustentável da aquicultura amazônica. Projeções Aquicultura na Amazônia: Potencial para Sustentabilidade e Desenvolvimento Os recursos pesqueiros da Amazônia representam uma importante fonte de alimento para as populações que habitam a bacia. Além disso, algumas espécies comerciais já mostraram grande potencial para integrar sistemas de aquicultura sustentável. Hoje, diversas tecnologias permitem a produção de várias espécies amazônicas diretamente na região. Entre as espécies mais emblemáticas está o pirarucu (Arapaima gigas), valorizado tanto por seu impacto ecológico quanto por sua relevância cultural. Estudos mostram que a espécie pode ser produzida comercialmente com sucesso na Amazônia, o que reforça seu papel na expansão da aquicultura regional. Para ampliar essa iniciativa, é fundamental desenvolver sistemas de produção que garantam a segurança biológica das instalações, possibilitando a replicação desses modelos em outras áreas da Colômbia e em outros países amazônicos. O fortalecimento da cadeia produtiva da aquicultura pode trazer benefícios significativos para o desenvolvimento sustentável e competitivo dos atores envolvidos. Além disso, essa expansão cria novas oportunidades para incentivar o consumo doméstico de peixes nativos e abrir mercados internacionais por meio da exportação, impulsionando a economia local e regional. Investir na aquicultura é um passo estratégico para alinhar conservação ambiental com desenvolvimento econômico, promovendo uma gestão responsável dos recursos naturais da Amazônia. http://www.josemiguelsaud.com.br