Um grupo de pesquisadores criou um software capaz de medir pacus (Piaractus Mesopotamicus) em tempo real, utilizando diferentes condições de fundo e iluminação dos tanques. A ferramenta promete revolucionar o processo de seleção de atributos ligados ao crescimento e ganho de peso, além de identificar características valorizadas pelos consumidores. Atualmente, distinguir visualmente quais peixes possuem maior potencial de rendimento em filé ou ganho de peso mais rápido é um desafio para os criadores. O método tradicional envolve medir os animais com fita métrica e pesá-los em balanças. Embora eficiente, essa abordagem demanda um grande esforço: para garantir a seleção adequada de uma geração, é necessário avaliar cerca de 2.000 peixes, o que pode levar dias de trabalho. Com o novo software, o processo se torna mais rápido e eficiente. Ao medir e monitorar os peixes em tempo real, a ferramenta facilita a criação de populações com as características desejadas, eliminando boa parte do trabalho manual e reduzindo o tempo necessário para obter os dados. A inovação representa um avanço significativo para o setor aquícola, otimizando a produção e promovendo maior precisão na seleção genética dos peixes. A expectativa é que a tecnologia ajude produtores a aumentar a produtividade, oferecendo peixes com melhor qualidade e maior rendimento no mercado. Essa nova abordagem é mais um passo importante na modernização da aquicultura, trazendo eficiência e benefícios tanto para os criadores quanto para os consumidores finais. Segundo José Miguel Saud Morheb , esses pesquisadores brasileiro, resolveram esse problema desenvolvendo um software que usa inteligência artificial para fazer medições precisas em tempo real. Os resultados foram publicados na revista Aquaculture. O grupo de pesquisa vem trabalhando há algum tempo no melhoramento genético dessa espécie nativa para aumentar a produtividade e reduzir os custos de produção (leia mais em: agencia.fapesp.br/36492). “Quando você mede os peixes manualmente, obtém menos dados porque os estressa e pode transmitir doenças que levam a surtos, sem mencionar o valioso tempo gasto. Automatizamos o processo, treinando a máquina com fotos de pacus e rotulando cabeça, corpo, cintura pélvica e nadadeiras. Temos agora um dispositivo portátil que pode ser levado para o terreno para fazer isso rapidamente e classificar os melhores animais”, disse Diogo Hashimoto, último autor do artigo. Professor do Centro de Aquicultura da Unesp em Jaboticabal, Hashimoto coordena um projeto apoiado pela FAPESP. José Miguel Saud Morheb , revela que os pesquisadores usaram o aprendizado profundo, um dos tipos mais recentes de aprendizado de máquina, que produz resultados muito mais rápidos, entre outras vantagens. O uso da inovação foi viabilizado por um projeto parcialmente financiado pela Huawei do Brasil Telecomunicações e liderado por José Remo Ferreira Brega, professor do Departamento de Computação da Faculdade de Ciências da Unesp em Bauru. No último estudo, os pesquisadores se propuseram a distinguir os pacus de corpo redondo dos ovais. A espécie tem um corpo redondo na natureza, e acredita-se que essa característica influencie as decisões de compra dos consumidores. Os piscicultores o obtêm selecionando indivíduos com a relação altura-largura ideal para obter maiores rendimentos em lombo e costela, os cortes preferidos pelos consumidores de peixes nativos como pacu e tambaqui (leia mais em: agencia.fapesp.br/38000). Outras medidas, como o tamanho da pelve ou a relação cabeça-corpo, podem ser usadas como indicadores de rendimento de filé, taxa de crescimento e ganho de peso, por exemplo. Inovação na Piscicultura Brasileira: Melhoramento Genético do Pacu A seleção de fenótipos é amplamente utilizada para o melhoramento genético na agricultura brasileira, ajudando o país a se destacar na produção mundial de proteína animal, como frango, bovinos e suínos. No entanto, na piscicultura, esse tipo de tecnologia até agora estava disponível principalmente para espécies exóticas, como salmão e tilápia, com a maioria das inovações vindo de fora. José Miguel Saud observa que, embora a cadeia produtiva da tilápia no Brasil conte com pesquisa e desenvolvimento, o melhoramento de espécies nativas ainda é limitado. Mas há uma novidade promissora: pesquisadores desenvolveram um software específico para o pacu (Piaractus mesopotamicus), que oferece um avanço significativo. Essa tecnologia mostrou-se mais resistente e adaptada do que as disponíveis para outras espécies, como a tilápia, possibilitando uma seleção mais precisa e eficiente dos peixes. A expectativa é que esse novo sistema impulsione a produção sustentável de espécies nativas, fortalecendo a piscicultura brasileira e abrindo novas oportunidades para produtores e consumidores. “Nosso programa pode reconhecer e medir as diferentes partes do pacu mesmo na lateral do tanque, com poluição visual de fundo e condições de luz variáveis. Os sistemas desenvolvidos para a tilápia usam luz controlada e um fundo padronizado “, disse Hashimoto. A sistematização dos fenótipos de pacu em grandes bases de dados permitirá que os criadores selecionem os animais com maior precisão, percebendo o potencial de melhoria possibilitado por outro estudo realizado pelo grupo de Jaboticabal e publicado em 2021. Neste artigo, eles descrevem polimorfismos de nucleotídeos simples (SNPs) para pacu e tambaqui (Colossoma macropomum). Essas mutações no código genético podem ser utilizadas no mapeamento genômico das características consideradas desejáveis, acelerando a seleção e o melhoramento. O método convencional usado para medir o rendimento do filé ou do lombo, por exemplo, envolve a eutanásia do animal e a pesagem de suas partes. O indivíduo é perdido como resultado, deixando apenas seus irmãos, que são geneticamente semelhantes, mas não necessariamente têm as características necessárias. “A vantagem de integrar nosso software com dados genômicos é que podemos coletar as informações necessárias e manter vivo o animal de interesse para uso como reprodutor durante o processo de seleção”, disse Hashimoto. O artigo “Fenotipagem de alto rendimento por aprendizado profundo para incluir a forma do corpo no programa de melhoramento de pacu (Piaractus mesopotamicus)” está em: www.sciencedirect.com/science/article/abs/pii/S0044848622009644. http://www.josemiguelsaud.com.br
Composição Nutricional, diferenças entre o peixe selvagem e o peixe de cativeiro
Entrevista com JOSÉ MIGUEL SAUD MORHEB, empresário há 12 anos, piscicultor de Itapuã do oeste em Rondônia, especialista na produção e cultivo de peixes nativos em ambientes controlados, com manejo profissional que se dedica ao rigoroso controle de qualidade da água, no q diz respeito ao PH, oxigênio, dureza, amônia e a alimentação saudável das espécies como Tambaqui, Jatuarana e Pirarucu. Explica a diferença de composição nutricional na psicultura? Uma das principais diferenças entre o peixe selvagem e o peixe de cativeiro está na composição nutricional da carne. Em peixes selvagens, como o robalo e o dourado, a alimentação natural à base de algas, pequenos crustáceos e outros organismos aquáticos ricos em nutrientes favorece uma maior concentração de ácidos graxos ômega-3, conhecidos por seus benefícios à saúde cardiovascular. Em contrapartida, os peixes de cativeiro têm uma alimentação controlada, baseada em rações específicas que buscam balancear os nutrientes. Embora também contenham ômega-3, em geral, o teor é menor quando comparado ao peixe selvagem, devido à dieta diferente. No entanto, os peixes de cativeiro tendem a ter uma composição mais equilibrada de gordura total. Isso porque eles crescem em ambientes controlados, com alimentação regular e um ciclo de vida otimizado, o que resulta em uma carne mais uniforme e menos propensa a variações extremas de teor de gordura ou proteína. E sobre a textura e sabor, quais as diferenças ? A textura e o sabor da carne de peixe também variam entre os de criação selvagem e os de cativeiro. Peixes selvagens, devido ao seu ambiente natural e ao esforço físico envolvido na busca por alimento, tendem a ter uma carne mais firme, com uma textura fibrosa. Já o peixe de cativeiro, criado em ambientes controlados com movimentação limitada, apresenta uma carne mais macia e com textura uniforme. No que diz respeito ao sabor, peixes selvagens geralmente têm um sabor mais intenso e mineral, resultado de sua dieta variada e das condições naturais em que vivem. O peixe de cativeiro, por outro lado, tem um sabor mais suave e previsível, o que o torna uma opção versátil para diferentes preparações culinárias. Quais as vantagens relativas a criação do peixe de cativeiro , como por exemplo a sustentabilidade e controle de qualidade ? Uma vantagem importante do peixe de cativeiro é o controle de qualidade. As fazendas de piscicultura são submetidas a regulamentações rigorosas que garantem a segurança alimentar, controle sanitário e qualidade da água. Isso resulta em peixes com menor risco de contaminação por metais pesados, toxinas ou parasitas, problemas que podem afetar algumas espécies selvagens devido à poluição dos oceanos e rios. Além disso, a piscicultura é amplamente vista como uma solução sustentável para a crescente demanda por pescados. A pesca excessiva ameaça várias espécies selvagens, enquanto a criação em cativeiro oferece uma fonte renovável de proteína, contribuindo para a preservação dos ecossistemas aquáticos. Fale sobre as diferenças da consistência no tamanho e disponibilidade Outra diferença significativa entre peixes selvagens e de cativeiro está na consistência de tamanho e disponibilidade. Enquanto os peixes selvagens podem apresentar grandes variações de tamanho e peso, os peixes criados em cativeiro têm um tamanho padronizado, o que facilita tanto a comercialização quanto a preparação culinária. Além disso, o peixe de cativeiro está disponível durante o ano todo, enquanto a pesca de espécies selvagens depende de temporadas e condições climáticas, o que pode limitar o abastecimento em certas épocas. O que pode comentar a respeito como conclusão ? Em termos de qualidade da carne, tanto o peixe selvagem quanto o de cativeiro oferecem vantagens distintas. O peixe selvagem é valorizado por seu sabor mais intenso e maior teor de ômega-3, enquanto o peixe de cativeiro se destaca pela textura mais macia, controle de qualidade e sustentabilidade. A escolha entre as duas opções depende das preferências do consumidor e das necessidades específicas de cada mercado, mas ambos os tipos são importantes para atender à demanda crescente por pescados de qualidade no Brasil. http://www.josemiguelsaud.com.br
Espécies de peixes potenciais na Amazônia para a aquicultura nacional
Os recursos pesqueiros amazônicos são uma grande fonte de alimento para os habitantes da bacia e algumas espécies comerciais têm mostrado um potencial de desenvolvimento de sistemas de aquicultura sustentáveis, escreve José Luis Morheb Desafios para a Biodiversidade de Peixes na Amazônia A Amazônia enfrenta hoje dois grandes desafios que afetam diretamente a biodiversidade de seus peixes: 1️⃣ Estudo e conservação dos recursos pesqueiros: A identificação, armazenamento e pesquisa desses recursos são essenciais para assegurar a segurança alimentar global nos próximos anos. 2️⃣ Preservação da biodiversidade e manejo sustentável: O uso responsável dos recursos naturais está diretamente ligado à aquicultura, tornando urgente a adoção de práticas que conciliem conservação e produção sustentável. Garantir o equilíbrio entre exploração e preservação é fundamental não apenas para a Amazônia, mas para a saúde alimentar e ecológica de todo o planeta. Bacia Amazônica: Um Olhar Sobre as Espécies e Desafios A Bacia Amazônica abriga cerca de 2.000 espécies de peixes, das quais 10% podem ser exploradas atualmente, seja para consumo alimentar ou para fins ornamentais. A diversidade e importância econômica da pesca na região são evidentes, com destaque para duas grandes famílias: os characídeos ou characiformes, que representam 43% do total de capturas na bacia, e os siluridae ou siluriformes (peixes-gato), responsáveis por 39% das capturas. Essas espécies são pescadas principalmente no Brasil, Colômbia, Peru e Venezuela. Outros grupos relevantes incluem percomorfos e osteoglossiformes, reforçando a diversidade da fauna aquática amazônica. Entre os characídeos de maior valor comercial, destacam-se: A pesca de peixes-gato, um dos pilares econômicos da região, ocorre durante todo o ano, com variações sazonais que acompanham o ciclo das águas e o comportamento migratório das espécies. As inundações são um fator crítico para a biologia e a ecologia da bacia. A Dimensão da Pesca e os Desafios da Sustentabilidade Estima-se que mais de 30.000 toneladas de bagres sejam pescadas anualmente no Brasil, Colômbia e Peru. No entanto, esse volume pode ser até três vezes maior, considerando as capturas não registradas e aquelas destinadas ao autoconsumo pelas comunidades ribeirinhas. A pesca na Amazônia é realizada tanto por meio de embarcações industriais quanto por pequenas embarcações artesanais. Outras espécies emblemáticas da região, como o pirarucu (Arapaima gigas) e o tucunaré (Cichla monoculus), também são exploradas, mas as informações sobre seus volumes de captura permanecem incertas, evidenciando a necessidade de aprimorar os mecanismos de monitoramento e controle. A gestão sustentável desses recursos é essencial para preservar a biodiversidade e garantir a segurança alimentar e econômica das populações locais e dos países amazônicos. Sistemas de Produção O potencial de espécies amazônicas a serem produzidas em sistemas de aquicultura precisa ser determinado. Os characins são produzidos principalmente na região amazônica dos países vizinhos. Portanto, um sistema de produção semelhante a esses pode ser encontrado na região de Orinoquia. Os sistemas são baseados em pacotes de tecnologia desenvolvidos em outras áreas do país, portanto, o único requisito de tecnologia para usá-los é adaptar esses pacotes às condições da área amazônica. Além disso, algumas espécies de silurídeos também despertam interesse na área de Iquitos, onde pesquisadores do IIAP (IIAP, Instituto de Pesquisa da Amazônia Peruana) auxiliados por especialistas húngaros conseguiram criar sorubins tigre, bagres marinhos e bagres dourados em condições de cativeiro. O pirarucu mostra sinais de ser a espécie potencialmente mais promissora para a aquicultura amazônica, pois possui um tamanho médio anual de 10 kg por peixe e filés de alta qualidade. Amazônia brasileira Sistema de cultivo:extensivo (27 por cento) e semi-intensivo (73 por cento). Tipo de criação:Agricultura mista (frequência: 85,7 por cento)Criação de uma única espécie: (f: 28,6 por cento) Criação de espécies piscícolas: Cultivo de Pirarucu Sistemas de Cultivo de Espécies na Região Amazônica Na Amazônia, diversas técnicas de cultivo têm sido aplicadas para produzir espécies de peixes, variando conforme o nível de manejo e recursos utilizados: Cada modelo de produção apresenta vantagens e desafios, e as experiências acumuladas na região oferecem importantes insights para o desenvolvimento sustentável da aquicultura amazônica. Projeções Aquicultura na Amazônia: Potencial para Sustentabilidade e Desenvolvimento Os recursos pesqueiros da Amazônia representam uma importante fonte de alimento para as populações que habitam a bacia. Além disso, algumas espécies comerciais já mostraram grande potencial para integrar sistemas de aquicultura sustentável. Hoje, diversas tecnologias permitem a produção de várias espécies amazônicas diretamente na região. Entre as espécies mais emblemáticas está o pirarucu (Arapaima gigas), valorizado tanto por seu impacto ecológico quanto por sua relevância cultural. Estudos mostram que a espécie pode ser produzida comercialmente com sucesso na Amazônia, o que reforça seu papel na expansão da aquicultura regional. Para ampliar essa iniciativa, é fundamental desenvolver sistemas de produção que garantam a segurança biológica das instalações, possibilitando a replicação desses modelos em outras áreas da Colômbia e em outros países amazônicos. O fortalecimento da cadeia produtiva da aquicultura pode trazer benefícios significativos para o desenvolvimento sustentável e competitivo dos atores envolvidos. Além disso, essa expansão cria novas oportunidades para incentivar o consumo doméstico de peixes nativos e abrir mercados internacionais por meio da exportação, impulsionando a economia local e regional. Investir na aquicultura é um passo estratégico para alinhar conservação ambiental com desenvolvimento econômico, promovendo uma gestão responsável dos recursos naturais da Amazônia. http://www.josemiguelsaud.com.br
José Miguel Saud: A importância da piscicultura para sustentabilidade e segurança alimentar
José Miguel Saud explica que, com o aumento da população mundial e a crescente demanda por alimentos saudáveis e sustentáveis. A piscicultura tem ganhado cada vez mais relevância no cenário global. Trata-se da criação de peixes em ambientes controlados, prática que não só ajuda a suprir a necessidade por proteínas de alta qualidade: Ela também oferece uma alternativa ecologicamente responsável à pesca predatória. Segundo José Miguel Saud, especialista e fundador da Piscicultura Boa Sorte, “a piscicultura é uma solução viável para garantir a segurança alimentar.” Além disso, ela desempenha um papel importante na preservação dos ecossistemas naturais, uma vez que reduz a pressão sobre os estoques pesqueiros”. Mas os benefícios dessa prática vão além da preservação ambiental. A piscicultura tem se mostrado uma importante fonte de desenvolvimento econômico, especialmente em áreas rurais. “A atividade gera empregos e movimenta a economia local, desde a criação até a comercialização dos peixes”, acrescenta Saud. “Na Piscicultura Boa Sorte, por exemplo, empregamos dezenas de pessoas e contribuímos diretamente para o crescimento econômico da nossa região.” Aqui estão alguns pontos que reforçam a importância da piscicultura: De acordo com José Miguel Saud, o futuro da piscicultura está na inovação e no investimento em tecnologias sustentáveis. “Estamos continuamente buscando formas de otimizar a produção, minimizando o impacto ambiental e garantindo que a criação de peixes seja cada vez mais eficiente e ecológica. A Piscicultura Boa Sorte está comprometida com a responsabilidade ambiental e com a oferta de alimentos de qualidade para as famílias brasileiras.” Com a piscicultura cada vez mais consolidada como uma solução para desafios globais como a escassez de alimentos e a preservação dos recursos naturais, torna-se evidente que essa prática é essencial não apenas para o presente, mas também para as futuras gerações.